Integrando ciência e comunidade
“O interesse do conhecimento no aumento da produtividade prevalece historicamente no desenvolvimento científico tecnológico da produção de riqueza, permanecendo embriagado por esta busca”
– Beck
A estratégia desenvolvimentista, pura e simples, é sinônimo de crescimento predatório, estéril e pouco inteligente, que beneficia poucos, em detrimento de muitos. Infelizmente, o desenvolvimento sem rosto e predatório foi adjetivado, passou a ser chamado de forma vazia de desenvolvimento sustentável. Cabe ressaltar que é impossível desenvolver com sustentabilidade mantendo as mesmas premissas do tal desenvolvimento que se baseia em: dominar e subjugar a natureza e o trabalho humano para aumentar a produção. Na realidade, há uma diluição do termo, utilizam-se os substantivos que passaram a ser “abstratos” como: Gestão, Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável, onde não é observado um equilíbrio entre as dimensões, e mesmo uma ponderação das atividades, dessa forma, há uma diluição conceitual dos termos, ou seja, há um desvio intencional da questão buscando uma melhor aceitação de um público com crescente susceptibilidade a estas questões. Por outro lado, o público consumidor se satisfaz com os termos sem refletir sobre seu significado e sobre os impactos causados por este “desenvolvimento”.
Para Beck “o interesse do conhecimento no aumento da produtividade prevalece historicamente no desenvolvimento científico tecnológico da produção de riqueza, permanecendo embriagado por esta busca”. Nesse sentido, a busca cega pela produtividade, em muitos casos, baseia-se em ações predatórias do meio que acabam por marginalizar diversos grupos sociais e promover a devastação ambiental, enquanto governos, por outro lado, assumem gestões generalistas impondo políticas públicas estéreis, impostas de cima para baixo, sem atentar para as características e peculiaridades de cada local.
Nesse contexto, emerge a socioeconomia – o estudo do meio socioeconômico busca relacionar e contextualizar as relações e influências da economia na sociedade. Através de estudos do meio socioeconômico é possível diagnosticar e conhecer o impacto das atividades econômicas sobre comunidades e no ambiente natural. Essas informações são imprescindíveis para subsidiar ações que visem a mediação de conflitos, a gestão compartilhada dos possíveis impactos dessas atividades econômicas e formulação de políticas públicas que atentem para as características e peculiaridades de cada local.
O estudo do meio socioeconômico contribui para a criação de subsídios que pautarão atividades mitigatória e a e compensatórias de presumíveis impactos socioeconômicos, socioambientais e socioculturais, decorrente de atividades econômicas, e também, para viabilizar alternativas que visem à inclusão social de grupos, que passaram a viver à margem da sociedade.
Nesse sentido, a KAOSA busca, através do estudo do meio socioeconômico, compreender todo este complexo contexto que envolve atividades econômicas e seus os possíveis impactos socioambientais e socioeconômicos, buscando atuar e contribuir na mediação de conflitos, além de auxiliar na elaboração de políticas públicas que visem promover a construção de sociedades sustentáveis, socialmente justas.