Integrando ciência e comunidade
Com apoio da KAOSA e NEMA, o Laboratório de Ecologia e Conservação da Megafauna Marinha – Ecomega/FURG e a Secretaria Municipal do Meio Ambiente – SMMA/Rio Grande, encaminharam uma solicitação à Câmara dos Vereadores de Rio Grande para declarar o boto como Patrimônio Natural e Cultural do Município.
A solicitação foi aprovada em forma de Lei e sancionada pelo prefeito (Lei 8.820 de 8 de junho de 2022).
A fundamentação da proposta concentrou-se na relevância ecológica e cultural do boto para a região, bem como da importância do estuário da Lagoa dos Patos e costa marinha adjacente para as atividades vitais da espécie, incluindo reprodução, alimentação, socialização e descanso.
O boto fornece serviços ecossistêmicos essenciais, como manutenção do equilíbrio do ambiente e serviços culturais e estéticos, de grande valor para os (as) cidadãos e cidadãs locais como também para o desenvolvimento de atividades de turismo ecológico.
Esta fundamentação é baseada em décadas de estudos sistemáticos, os quais só foram possíveis com apoio de instituições e programas como YAQU PACHA, Portos RS, Whitley Found For Nature e PELD-ELPA.
O município do Rio Grande (RS), está situado às margens da Lagoa dos Patos, em uma região estuarina – ambiente de grande importância ecológica e econômica. A diversidade de ecossistemas costeiros nesta área, sustentam a vida animal e vegetal e, também, atividades ligadas ao porto, industriais, turismo, lazer, pesca e carcinicultura.
Esse ambiente apresenta alta diversidade e importância ecológica, e é estratégico para o desenvolvimento socioeconômico, uma vez que abriga a segunda maior estrutura portuária do país e uma intensa atividade pesqueira artesanal e industrial, além de seu grande potencial turístico.
Por aproximadamente uma década – entre 2006 e 2015 -, o Município recebeu uma série de recursos federais decorrentes do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC), que culminou com a instalação e declínio do Polo Naval.
Rio Grande compõem a Zona Costeira brasileira que ao longo do tempo sofre com a falta de planejamento urbano, e consequente expansão territorial e crescimento populacional desordenados. O município passou por intensos processos de fragmentação de ecossistemas, e sucessivos processos de urbanização desordenados e sem planejamento.
Importante ressaltar que as áreas urbanas na região costeira são foco de desenvolvimento, interesses conflitantes e preocupação quanto aos impactos das mudanças climáticas. O crescimento populacional, combinado com a ausência de políticas públicas, déficit habitacional e de empregos, infraestrutura básica precária, e incompreensão do impacto das mudanças climáticas, resultou em ocupações em áreas de risco e vulnerabilidade.
São inúmeros, diversos e complexos os desafios das áreas urbanas localizados na região costeira. E o ecossistema estuarino, segundo SEELIGER et. al. (2010), tem sofrido profundas e contínuas transformações ao longo do tempo. Por se caracterizar como um sistema transicional, passa por perturbações, tanto naturais, quanto antrópicas – exige a integração da pesquisa e monitoramento de variáveis em longo prazo, além do trabalho em conjunto e junto à comunidade para que pesquisadores, governos, órgãos ambientais e sociais possam compartilhar experiências visando a constituição de políticas públicas.
Nesse sentido, o objetivo desse curso de formação ambiental marinha é contextualizar esses ambientes e fornecer subsídios para uma maior compreensão dos aspectos ambientais, sociais, econômicos, culturais e históricos da região do estuário da lagoa dos Patos.
Esse curso se encaixa em diversos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS): ODS 04 – Educação de qualidade, ODS 08 – Trabalho decente e crescimento econômico, ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis, ODS 13 – Ação Contra a Mudança Global do Clima, ODS 14 – Vida na água, ODS 17 – Parcerias e meios de implementação.
O curso é presencial, gratuito e possui certificado. As aulas serão ao longos dos meses de Maio e Junho de 2022, no período da tarde. Além disso, serão 3 turmas, separadas entre os diferentes públicos-alvo.
As vagas são limitadas, então corre para fazer a sua inscrição!
A KAOSA e o Museu Oceanográfico de Rio Grande contam com financiamento do Whitley Fund for Nature, Fundação Grupo Boticário, Yaqu Pacha e Portos RS para a realização do Projeto Construindo Pontes e deste curso de formação ambiental.
Estréia da nossa série de vídeos do Projeto Construindo Pontes, com um episódio que busca ilustrar as motivações, metas e objetivos do projeto – uma iniciativa que premiou o sócio-fundador da KAOSA, Pedro Fruet, no Whitley Awards 2021.
Em execução desde Junho de 2021, o Construindo Pontes tem como principal objetivo atuar na conservação do boto, além de proteger o ambiente no qual está inserido, considerando-o uma espécie guarda-chuva.
Entendendo a necessidade de participação da sociedade buscaremos informar e sensibilizar a comunidade local sobre a importância da conservação ambiental, que, ao contrário de ser um processo científico que engaja a sociedade, é um processo social que envolve a ciência.
Este episódio possui uma versão interpretada em libras, além de versões legendadas em inglês, espanhol e alemão, disponíveis no canal da KAOSA no Youtube.
A KAOSA e o Museu Oceanográfico de Rio Grande contam com financiamento do Whitley Fund For Nature, Fundação Grupo Boticário, Yaqu Pacha e Portos RS, além da parceria com a Universidade Federal do Rio Grande (FURG), Projeto Botos da Barra, ICMBio, Lamaq/UFSC, Univalli, ECOMEGA/FURG, Laboratório de Zoologia/UDESC, GEMARS, Proyecto Toninas, PELD-ELPA e NEMA para a realização deste projeto.
📢 Este é apenas o primeiro episódio de uma série de produções que vem por aí!
Com o projeto:
nosso Sócio Fundador Dr. Pedro Fruet utilizará este recurso para ampliar seu projeto de pesquisa para um enfoque socioambiental e socioeconômico, visando reduzir a mortalidade não natural de uma espécie emblemática de golfinho no Sul do Brasil!
Quer saber mais sobre o prêmio e o projeto? Clique aqui
“A sustentabilidade local, regional, global, não deve, ser generalista, e em hipótese alguma, ser pensada apenas por cientistas, economistas ou governos; é de extrema importância à participação da sociedade local nos processos decisórios”
– KAOSA
A educação ambiental é um importante e relevante instrumento para estimular a reflexão, problematização e consequente abertura para mudanças de pensamentos, atitudes e valores humanos. Para tanto, é imperativo que seja uma ponte que facilite a democratização do “saber” – usualmente apreendido e mantido entre os especialistas – para torná-lo um bem comum. Nesse sentido, a KAOSA busca, em suas ações de Educação Ambiental e processos formativos, estimular a compreensão local e global sobre a realidade socioambiental a partir da abordagem contextualizada e densa dos aspectos biofísicos de “sua” cidade, país e mundo, bem como os fios políticos, sociais, culturais e econômicos, que tecem esta complexa e indissociável teia nos cerca, para tanto, é fundamental estimular a constituição de novas formas de representação, de significados e ressignificações. Com a missão de ser um vetor de transformação visando o envolvimento e a participação da sociedade nas ações em busca de soluções sustentáveis para os problemas que nos envolvem.
A sustentabilidade, tanto de uma região, quanto de uma sociedade ou de uma espécie, por exemplo, está intimamente ligada às interações entre os processos bióticos e abióticos, intra e inter específicos, individuais e sociais. Ou seja, depende de fatores internos e externos, como o social, político, ecológico, cultural ou econômico, pobreza estrutural, os problemas ambientais globais, os conflitos social-político-econômicos, entre outros. Portanto, para pensarmos e trabalharmos a Educação Ambiental tendo como tema gerador a sustentabilidade é fundamental termos em mente que ela está relacionada a diversos fatores que são interligados, que não devem ser dissociados e que são extremamente peculiares ao “local”.
Neste sentido, a sustentabilidade local, regional, global, não deve, ser generalista, e em hipótese alguma, ser pensada apenas por cientistas, economistas ou governos; é de extrema importância à participação da sociedade local nos processos decisórios, pois estes sistemas têm suas próprias peculiaridades, incluem seu arranjo social, cultural, econômico, político e sua natureza.
Esse é o desafio da Educação Ambiental promovida pela KAOSA, contribuir na constituição de novos saberes através de um olhar integrado e que estimule a participação da sociedade através de uma visão que tenha contexto socioambiental, sócio histórico, sociocultural, sociopolítico e socioeconômico, além de uma compreensão da dinâmica complexa dos sistemas, e da promoção de ações integradas oriundas do conhecimento e práticas do local, que possam servir como base para presente e futuro de sociedades sustentáveis.
“O interesse do conhecimento no aumento da produtividade prevalece historicamente no desenvolvimento científico tecnológico da produção de riqueza, permanecendo embriagado por esta busca”
– Beck
A estratégia desenvolvimentista, pura e simples, é sinônimo de crescimento predatório, estéril e pouco inteligente, que beneficia poucos, em detrimento de muitos. Infelizmente, o desenvolvimento sem rosto e predatório foi adjetivado, passou a ser chamado de forma vazia de desenvolvimento sustentável. Cabe ressaltar que é impossível desenvolver com sustentabilidade mantendo as mesmas premissas do tal desenvolvimento que se baseia em: dominar e subjugar a natureza e o trabalho humano para aumentar a produção. Na realidade, há uma diluição do termo, utilizam-se os substantivos que passaram a ser “abstratos” como: Gestão, Responsabilidade Social, Desenvolvimento Sustentável, onde não é observado um equilíbrio entre as dimensões, e mesmo uma ponderação das atividades, dessa forma, há uma diluição conceitual dos termos, ou seja, há um desvio intencional da questão buscando uma melhor aceitação de um público com crescente susceptibilidade a estas questões. Por outro lado, o público consumidor se satisfaz com os termos sem refletir sobre seu significado e sobre os impactos causados por este “desenvolvimento”.
Para Beck “o interesse do conhecimento no aumento da produtividade prevalece historicamente no desenvolvimento científico tecnológico da produção de riqueza, permanecendo embriagado por esta busca”. Nesse sentido, a busca cega pela produtividade, em muitos casos, baseia-se em ações predatórias do meio que acabam por marginalizar diversos grupos sociais e promover a devastação ambiental, enquanto governos, por outro lado, assumem gestões generalistas impondo políticas públicas estéreis, impostas de cima para baixo, sem atentar para as características e peculiaridades de cada local.
Nesse contexto, emerge a socioeconomia – o estudo do meio socioeconômico busca relacionar e contextualizar as relações e influências da economia na sociedade. Através de estudos do meio socioeconômico é possível diagnosticar e conhecer o impacto das atividades econômicas sobre comunidades e no ambiente natural. Essas informações são imprescindíveis para subsidiar ações que visem a mediação de conflitos, a gestão compartilhada dos possíveis impactos dessas atividades econômicas e formulação de políticas públicas que atentem para as características e peculiaridades de cada local.
O estudo do meio socioeconômico contribui para a criação de subsídios que pautarão atividades mitigatória e a e compensatórias de presumíveis impactos socioeconômicos, socioambientais e socioculturais, decorrente de atividades econômicas, e também, para viabilizar alternativas que visem à inclusão social de grupos, que passaram a viver à margem da sociedade.
Nesse sentido, a KAOSA busca, através do estudo do meio socioeconômico, compreender todo este complexo contexto que envolve atividades econômicas e seus os possíveis impactos socioambientais e socioeconômicos, buscando atuar e contribuir na mediação de conflitos, além de auxiliar na elaboração de políticas públicas que visem promover a construção de sociedades sustentáveis, socialmente justas.
A KAOSA é uma organização sem fins lucrativos, de caráter ambientalista, educativo, cientifico e cultural, sem vinculação religiosa ou político partidária, com sede e foro na cidade de Rio Grande – RS, que desenvolve trabalhos, desde a sua fundação, em 2007, em parceria com empresas do setor privado e com instituições públicas.
É a partir dessa visão que a KAOSA se posiciona e faz brotar uma inteligência complexa, sustentável e criativa que com ética e originalidade busca desenvolver e integrar a pesquisa cientifica, com as relações humanas, naturais, culturais, socioambientais e empresariais. Isto a partir da expansão da compreensão das complexidades dos sistemas (biológicos, socioculturais, ambientais, socioambientais), com o intuito de viabilizar a integração sustentável, solidária, humanizada, inteligente e criativa desses sistemas.
A KAOSA alavanca-se a partir de projetos de pesquisa cientifica, análises socioeconômicas, educação ambiental e comunicação social, visando criar conhecimento e desenvolver soluções técnicas que visem constituir ambientes e sociedade sustentáveis. Buscamos transformar o conhecimento cientifico em ações, com intuito de auxiliar na elaboração de políticas publicas que beneficiem a sociedade e o meio ambiente. Ações, estas, que estão atreladas a necessidade de informar com contexto a sociedade sobre os aspectos socioambientais e socioeconômicos que os envolve.